O diálogo
Me abraça?
Inspira
1
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2
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3
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Expira.
1
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2
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3
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Inspira.
E foi nesse movimento que eu me encontrei. No meio de uma conversa necessária, com alguém nem tão improvável. Um símbolo. Palavras que ecoavam dentro de mim, mas que saíram de outra boca. O óbvio que nunca me havia sido dito. O claro que me parecia sombrio.
A história de um sonho que outrora fora real. O fim de um objeto significativo que eu nunca havia pensado em trocar. O ponto de vista que me surpreendeu. As lágrimas que queriam cair. O leve engasgo de choro transformado em riso. Uma conversa que mudou o ritmo de meus pensamentos.
O quão emblemático foi? Quantas vezes neguei ouvir essas palavras que gritavam dentro de mim? O quanto absorvi de tudo aquilo? O quanto ainda me falta digerir desse diálogo?
Pessoas não nos saram dessas dores. Mas, muitas vezes, não sabemos nos curar sozinhos e vamos atrás de alguém de confiança. Quando confiamos, podemos seguir sem medo e nos deixar ouvir. Podemos chorar e pedir para o abraço demorar um pouco mais. Podemos contar as histórias com meias palavras e receber tudo que há pra dar.
O sol abrindo no exato momento que as palavras mais me foram certas. Teus olhos marejados. O choro travado na garganta. As lágrimas que vêm todas as vezes em que me lembro daquele momento.
Uma conversa que se absorve um pouco mais a cada segundo. Um diálogo que me fez refletir. A verdadeira arte, a que nos faz sentir e tem sentido; em que o emissor faz os sentimentos chegarem em tempos diferentes para o interlocutor.
Recebi...
Ainda
estou
recebendo...
Autora: Maria C. A. Matos.
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