You're somebody that I used to know...

Caro você,

Adeus.

É a segunda vez que escrevo essa carta. Já é o meu segundo adeus e eu sei que é o último, pois após suas palavras eu não voltaria àquilo nem se você me provasse que é uma pessoa totalmente diferente. Então, adeus.

Já prometi inúmeras vezes não escrever mais sobre você, afinal de contas você nunca vai ler essas palavras que foram colocadas em um blog que poucas pessoas lêem, mas desde que eu me conformei com o fim escrever tem sido uma maneira de me mostrar que você realmente se foi e não há nada mais a fazer, se não seguir em frente. Por muito tempo tive medo de escrever sobre você, pois sei que quando escrevo, de alguma maneira, estou o eternizando em um passado já existente. Então agora posso dizer: você não passa de um passado que me rende muitos textos, obrigada por isso.

Seria estupidez minha pensar que o apagar da minha memória fosse uma atividade fácil, afinal de contas tivemos tantos momentos e quando tudo acabou foi como se só tivessem existido momentos bons, mas nós sabemos que existiram momentos bem ruins e angustiantes, alguns desses momentos ruins nos levaram a completa ruína e ao fim de nossos dias como um casal. Como eu já disse em um  dos textos sobre você, eu não sinto sua falta, muito pelo contrário agora estou bem melhor com essa versão nova de mim, sem você. Hoje, enquanto assistia Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, pensei em como apagar alguém da nossa memória é algo difícil, nós nunca conseguimos totalmente, mas ultimamente eu tenho me sentido como o Joel correndo para ainda o manter em minhas lembranças, por mais que ainda doa um pouco relembrá-las eu não sei se teria coragem de o deixar ir totalmente.

Você está desaparecendo. Você foi. Seu fantasma ficou e eu ainda esbarro com ele, é como quando se esbarra com o dedinho em algum móvel da casa, dói, mas você sabe que vai passar, só depende de mim escolher se continuo vivendo essa dor ou sigo como se nada houvesse acontecido. E eu escolhi viver a dor, logo de cara. Tão ingenua. A dor nunca passa em si, você apenas aprende a conviver com ela e em algum momento você nem se dá conta de que o que antes era algo totalmente agoniante te fez na pessoa que é hoje, um pouco mais forte e menos ingenua.

Eu fui. E escrevo para o "matar" em minhas lembranças. Sempre tenho medo disso. Mas é totalmente necessário quando se trata de você que já realizou meu velório há muito tempo. Romeu e Julieta se mataram. Nós também. Mas o nosso amor não era proíbido. Só não deu certo, e hoje somos dois estranhos que já se conheceram em algum ponto da vida (como naquela música: "Now you are somebody that I used to know").

Quando um relacionamento acaba, uma das primeiras coisas que fazemos é nos questionar sobre o que sentíamos e sobre o que o outro sentia. Não faço a menor ideia se eu era tudo aquilo para você assim como você dizia, mas afinal de contas quem nunca mentiu para fazer o outro feliz? Não me importo se tudo aquilo foi ilusão, enquanto eu ainda acreditava naquilo fui muito feliz, agora ainda sou, mas não por causa de algo que tenho dúvidas e sim por que sei que sou tudo o que eu preciso.

Aprendi, com tantos amigos, que não preciso de uma outra pessoa para me proporcionar felicidade, eu só preciso de mim. E agora eu sei disso. Se ame e encontre alguém que o ame diferentemente de todas as outras pessoas ao seu redor, que goste de todas as suas partes - assim como eu -, mas que seja uma versão que o faça completamente feliz, já que - pelo o que parece - eu não o fiz.

Muito obrigada por ter me deixado, eu estava precisando de mim. O agradeço de verdade por todos os nossos momentos que ainda vivem no passado, mas que, gradualmente, tem saído das minhas lembranças. Espero que você seja muito feliz seguindo seus sonhos e sua vida.

Adeus.

Ass,

Maria Clara A. Matos.

imagem retirada do Pinterest,

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