Fuga.

Proíbo meu coração de amar. 
Proíbo meus sentimentos de existirem. 
Impossíveis não doem tanto. 
Possíveis já me machucaram. 

Há tanto tempo não me abria. 
Quando finalmente o fiz, 
doeu. 

Me fecho novamente. 
Me proíbo novamente. 
Não mereço. 

Correrei o quanto for. 
Fujo de qualquer sentimento. 
Fujo de você. 

Você não entende. 

Foram anos sem abaixar a guarda. 
Foram anos na superfície. 
Não queria mergulhar. 
Afundar dói demais. 

Vê-lo doeu demais. 

Quando, 
finalmente, 
me afundei, 
tu tinhas desaparecido. 

Eu só queria fugir. 
E não sentir. 
Mas estou presa. 
Me proibindo de sentir.

Tu parecias tão incrível. 
Tão seguro. 
Tu não eras nada. 
Agora me agarro como se tu fosses tudo. 
Tudo que dói em mim. 
Tudo que me machucou. 
Tudo para eu fugir. 
O impossível 
que se tornou possível 
em um piscar de olhos. 
Como veio, 
foi embora. 

Perdoa-me. 
Não sei sentir. 
Não sei ser eu. 
Não sei como funciona. 

Há anos não me deixo. 
Há anos não me apaixono 
por outra pessoa que não eu. 
Há anos não sei amar. 
Há anos já não sei se acredito em amor. 

Nós não somos livres. 
Desse modo, 
somos impossíveis de amar. 
Palavras fortes demais. 

Não sei como fazê-lo. 
Não sei sentí-lo.



Adeus. 



Novamente, 
entro em fuga. 

Autora: Maria C. A. Matos


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