Tempus Dominus

Todos os dias tem esse momento em que o tempo para, é bem antes do pôr do sol, antes de tudo se explodir em cores. O tempo, simplesmente, para. O som dos pássaros à distância começa a ser repetitivo, as árvores nem balançam com a leve brisa, não existe o barulho dos carros e é como se o tudo parasse e você pudesse fazer tudo o que deseja. 
Nesse momento, ali parada na janela do último andar observando a vida congelada pelo horário, minha mente vaga em imaginar o que todo o mundo deveria estar fazendo naquele momento. Imaginei pessoas correndo, dormindo, cozinhando, dançando, mas também imaginei na quantidade de pessoas que estavam como eu, paradas na janela a espera do pôr-do-sol.
Nunca concordei muito com o discurso do Pequeno Príncipe, mas sobre as despedidas do sol eu concordo, são todas lindas e trazem essa sensação de revitalização nas pessoas. Não sei quanto tempo se passou, mas a noite já estava ali com toda a sua agitação e o tempo já não estava mais parado. A noite e sua agitação me tiraram do transe causado pelo instante em que o tempo parou. 
Todos os dias tiro esse momento para rever tudo e deixar os pensamentos passarem. O tempo parou. As pessoas pararam. Estamos todos dentro de casa observando o mundo parar. Estamos todos em movimento, mas o mundo lá fora, está calado. O tempo parou. E eu sinto que posso viajar no tempo nessa hora. O tempo passará. Tudo voltará a se mexer. Mas, ainda assim, terei esse momento em que o céu não é claro e nem escuro e tudo paira no ar…

Autora: Maria C. A. Matos

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